Justiça determina afastamento da secretária de saúde de General Sampaio por suposta compra ilegal de oxigênio
A Vara Única de Pentecoste determinou, nesta quarta-feira (17), o afastamento da secretária de saúde de General Sampaio, no Ceará, por suposta compra ilegal de oxigênio. A decisão aconteceu após denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) sobre possíveis crimes contra a saúde e administração pública supostamente cometidos pela gestora.
A prefeitura de General Sampaio afirma que não houve
irregularidade e deve recorrer da decisão judicial.
No último dia 12 de março, um empresário de uma
oficina de motos foi preso em flagrante, em Pentecoste, por
suspeita de fornecer oxigênio alterado e, possivelmente, adulterado para várias
unidades hospitalares da região do Vale do Curu, no sertão central cearense.
O afastamento da secretária foi decidido porque, de
acordo com o promotor de Justiça, Jairo Pequeno Neto, a gestora da saúde
municipal efetuou compras na oficina mecânica investigada fora dos meios
legais, sem que efetuasse a licitação ou o procedimento de dispensa, deixando
de apresentar a cotação de preços e a justificativa de escolha da empresa, o
que impossibilita a fiscalização dos recursos públicos pelos órgãos de controle
administrativo.
O prefeito do município, Chico Cordeiro (PDT)
comentou que o governo municipal vai recorrer da decisão judicial. De acordo
com o prefeito, não havia irregularidade no processo. Com a interrupção do
fornecimento anterior, Cordeiro ainda reclamou da dificuldade em conseguir
outros fornecedores de oxigênio hospitalar, e que inclusive chegou a abrir uma
licitação, mas não houve inscritos para o processo.
Já para o titular da Promotoria de Justiça de
Pentecoste, não há justificativas para a conduta criminosa da gestora, uma vez
que General Sampaio é a cidade do Vale do Curu com o menor número de casos de
Covid-19, havendo somente três pacientes em acompanhamento hospitalar e cinco
em isolamento domiciliar, conforme dados divulgados pela própria prefeitura do
município.
De acordo com o MPCE, o procedimento era executado
sem autorização de órgão competente, em um ambiente insalubre, desprovido de
estrutura sanitária e operacional, gerando risco de contaminação dos cilindros
que, depois de violados, eram transportados por uma ambulância ao município de
General Sampaio.
Liberdade
provisória
A Justiça concedeu liberdade provisória ao
proprietário da oficina também nesta quarta. Conforme a denúncia feita, o
responsável pelo estabelecimento colaborou com a investigação e delatou que a
secretária tinha conhecimento da irregularidade no reenvasamento de oxigênio
hospitalar. Mesmo assim, segundo o acusado, a secretária de saúde o pressionava
para realizar a alteração, alegando urgência no procedimento em razão do
transporte de pacientes.
De acordo com o MPCE, o acusado apresentou provas de
que as vendas de oxigênio feitas para o município ocorreram de maneira ilegal
no ano de 2021, sem o devido processo de dispensa de licitação, formulação de
contrato ou cotação de preço. A investigação também apurou que a secretária,
após a prisão do empresário, teria procurado outro estabelecimento para
realizar a mesma conduta ilícita de alteração de oxigênio.
“A secretaria de saúde não se antecipou em realizar
o processo de licitação, demostrando interesse em continuar com a conduta
ilícita, tendo em vista que o processo licitatório para a aquisição de
oxigênio, segundo o Portal da Transparência da Prefeitura de General Sampaio,
está marcado para iniciar somente no dia 23 de março”, explica o representante
do MPCE.
Fonte: G1 - CE
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