MPCE desarticula quadrilha que cometeu golpes em idosos para financiar campanha do prefeito de Pentecoste
A Operação Caixa 2, deflagrada pelo Ministério
Público do Ceará (MPCE) nesta quinta-feira (18), desarticulou uma quadrilha que
cometeu golpes em idosos para financiar a campanha do prefeito de Pentecoste,
João Bosco Pessoa Tabosa, eleito em 2016. A primeira dama, o presidente da
Câmara de Vereadores e funcionários do Banco do Brasil foram afastados dos seus
cargos por decisões judiciais.
A investigação verificou que a organização criminosa
subtraiu ao menos R$ 300 mil de idosos. Segundo o promotor de Justiça de
Pentecoste, Jairo Pereira Pequeno Neto, o grupo criminoso era chefiado pelo
prefeito do Município; pela primeira dama, Maria Clemilda Pinho de Souza; pelo
vereador e presidente da Câmara, Pedro Hermano Pinho Cardoso, que também é
sobrinho de João Bosco; e pela ouvidora municipal e cunhada do prefeito, Maria
Clara Rodrigues Pinho.
Abaixo da família, na estrutura da quadrilha, vinham
dois funcionários do Banco do Brasil, Igor de Castro e Silva Marinho e José
Elierto Correia, e o casal Maria da Conceição Domingos Sousa e Moisés da Silva
Gomes. O grupo é acusado de realizar uma série de estelionatos em idosos do
Município, a partir de empréstimos e adiantamentos de 13º salários sem
autorização das vítimas.
“As irmãs Clara Pinho e Clemilda Pinho eram as
articuladoras da associação criminosa, tendo sido elas as responsáveis por
contratar Maria Conceição e sugerir-lhe a aplicação dos golpes; Maria Conceição
e Moisés ficaram responsáveis por ganharem a confiança dos idosos, contrair os
empréstimos, efetuar os saques e entregar os valores às autoridades; Igor de
Castro e José Elierto, responsáveis por alterar as biometrias dos idosos, bem
como alterar a margem de contratação de empréstimos e saques nos caixas
eletrônicos dos clientes do Banco do Brasil; e João Bosco e Pedro Cardoso,
foram os principais beneficiados do esquema, uma vez que todo o dinheiro
angariado era destinado as suas campanhas eleitorais”, resume o promotor Jairo
Pequeno Neto.
Pentecoste
A Operação cumpriu dois mandados de busca e
apreensão, na Câmara dos Vereadores e na residência de um dos investigados
O juiz Caio Lima Barroso determinou o afastamento da
primeira dama, do presidente da Câmara e da ouvidora municipal dos cargos por
180 dias, bem como impediu que eles se aproximassem de quaisquer órgãos
públicos nesse período. Os dois bancários foram afastados por 60 dias. O
prefeito João Bosco teve os bens sequestrados e os oito investigados tiveram o
sigilo bancário quebrado, por determinação judicial.
A Promotoria de Justiça de Pentecoste e o Grupo de
Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com apoio da
Polícia Civil, também cumpriram dois mandados de busca e apreensão, na Câmara
dos Vereadores e na residência de Clara Pinho e Pedro Cardoso. Documentos e
mídias foram apreendidos para investigação.
Funcionária 'fantasma' concede colaboração premiada
A operação evidenciou ainda um esquema de
funcionários fantasmas na Câmara Municipal de Pentecoste, isto é, pessoas que
nunca trabalharam no órgão legislativo estavam na folha de pagamento recebendo
salário. Conforme o representante do MPCE, uma dessas pessoas "fantasmas”
era Maria da Conceição que ganhava esse valor como forma de contraprestação
pelos serviços prestados na campanha eleitoral do presidente da Câmara. “Pedro
continuou a repassar o pagamento para Conceição mesmo depois que esta teve a
sua prisão preventiva decretada, com o objetivo de evitar que a estelionatária
fosse presa e citasse o seu nome no esquema”, declara o promotor.
Maria da Conceição foi a primeira do esquema
criminoso a ser presa e, com a colaboração premiada dela, o órgão ministerial
teve acesso a fotos e vídeos que demonstraram a participação das autoridades
municipais e serviram como base para concessão das medidas judiciais
autorizadas pela Justiça.
Fonte: Diário do Nordeste
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