Polícia investiga esquema de alteração em notas de alunos de Itapajé que visava obter recursos públicos
A
Polícia Civil de Itapajé deflagrou nesta quarta-feira, 9, uma operação chamada
"Educação do Mal", na secretaria de Educação do Município, que
investiga um esquema criminoso de alteração de notas de estudantes. A ação
teria o objetivo de conseguir arrecadar recursos federais e estaduais a partir
de boas notas dos alunos. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta
quarta.
Conforme
a delegacia de Itapajé divulgou, a investigação começou há cinco meses. Foram
apreendidos documentos e computadores de uma escola. A investigação do delegado
André Firmino, por meio da Polícia Civil de Itapajé, apontou que quatro
servidores municipais eram responsáveis por fraudar as notas dos alunos que
possuíam rendimento abaixo da média. Na ação, as notas eram alteradas para
números acima da média.
Dessa
forma apareciam as notas como positivas no Sistema Permanente de Avaliação da
Educação Básica do Ceará (Spaece), que pertence ao governo do Estado. Os dados
também seriam colocados no cadastro do Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (IDEB) do Governo Federal. Com as notas fraudadas, a cidade arrecadava
recursos dos governos. Conforme a Polícia Civil, os dados eram mudados e alunos
que nunca fizeram provas apareciam como aprovados.
A
investigação é pelos crimes de associação criminosa, inserção de dados falsos
em sistema de dados da administração pública, prevaricação, condescência
criminosa e exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado. Outras
pessoas podem ser identificadas e investigadas a partir da apreensão do
material.
Investigação
A
investigação começou após denúncias de um servidor no começo do ano, que
verificou a situação e foi questionar a direção da escola e o secretário da
educação.
O
POVO apurou com uma fonte da Polícia Civil que a investigação começou após
denúncia de um servidor, pois alunos estavam sendo aprovados sem notas
suficientes e a gestão da escola não teria buscado resolver o problema.
Incomodado, o profissional buscou à Delegacia.
"Em
seguida vários professores relataram que as notas estavam sendo alteradas e
citaram o caso de um rapaz que foi demitido depois de se negar a alterar as
notas. Outra funcionária foi realocada no cargo e permanecia mudando as notas.
A
investigação apurou que na referida escola de Itapajé deveriam ter acontecido
32 reprovações, no entanto apenas dois alunos foram reprovados. Existia uma
orientação para não reprovar os alunos e a escola receberia uma verba, neste
ano, com duas parcelas de aproximadamente seis mil reais, pois possui um índice
de aprovação alto.
Conforme
a fonte da Polícia Civil, alunos que não sabiam escrever cursavam o 8º e 9º
ano. "A funcionária que era responsável pela alteração das notas chegou a
aprovar o próprio filho, que estava reprovado em duas matérias", afirma a
fonte.
Durante
a investigação foram ouvidas pelo menos 15 pessoas, entre professores,
funcionários e testemunhas. No decorrer do trabalho de levantamento os
professores começaram a ser transferidos para outras escolas.
De
acordo com a fonte, a investigação deve seguir para outras instituições de
ensino da cidade e a Polícia Civil não descarta que escolas de outras cidades
estejam adotando a prática. O secretário da Educação do município foi
notificado e deve prestar depoimento na delegacia.
O
POVO Online tentou contato com a Secretaria da Educação do Estado para obter
informações sobre o sistema de notas, no entanto as ligações não foram
atendidas.
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