Pentecoste: Ministério Público entra com Ação Civil Pública para anular projeto que aumenta taxa de iluminação pública no município
O Ministério Público do
Estado do Ceará (MPCE), através da Promotoria de Justiça de Pentecoste, entrou
com Ação Civil Pública (ACP) com pedido de liminar, na última quinta-feira, 23,
com o objetivo de anular o Projeto de Lei Complementar nº 16/2017, de autoria
do prefeito Bosco Tabosa, aprovado em sessão ordinária na Câmara Municipal, que
modifica o Código Tributário Municipal e aumenta a alíquota da CIP
(Contribuição de Iluminação Pública) a partir de fevereiro de 2018.
"Não há dúvida de
que a transformação do projeto em lei trará graves consequências ao
contribuinte deste município, tendo em vista o quadro atual e sofrido da
economia do país, onde se vê uma série de cidadãos desempregados, a alta da
inflação e a crise econômica instalada em todo o território nacional. Tal fato
prejudicaria, sobremaneira, os menos favorecidos e os residentes da zona rural
do município que têm como renda principal o cultivo no campo e sofrem, há 6
anos, com a seca no estado do Ceará e, diante da aprovação da majoração, terão
mais uma despesa tributária para arcar.", explicou o promotor de Justiça
Jairo Pequeno Neto.
Jairo Pequeno destaca, na
ação, que a falta de uma audiência pública para discussão sobre o projeto
implicou afronta ao princípio constitucional da publicidade que visa a de
transparência na atuação administrativa e de informações de interesse social.
Entenda
Inicialmente, foi
apresentado pelo Poder Executivo Municipal como Projeto de Lei (PL) nº 14/2017,
em regime de urgência, na sessão ordinária realizada no dia 25 do mês de
outubro e aprovado pelos vereadores para análise na Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ), da própria câmara. O grupo realizou um estudo, rejeitou, e devolveu à
Prefeitura com o argumento de que a matéria não estava em conformidade com a
Lei Orgânica do município. O Executivo fez alterações e reencaminhou como
Projeto de Lei Complementar nº 16/2017, sendo apresentado na sessão do dia 01
de novembro e tendo seguido para votação na semana seguinte, dia 08 de
novembro.
Na manhã do dia da
votação, de forma aleatória, a equipe de reportagem do Notícias de Pentecoste
conversou com vários pentecostenses com a finalidade de ouvir a opinião
popular, já que não houve audiência pública para tratar sobre, e o tema estava
sendo assunto principal em alguns locais da cidade.
Dialogamos com um total
de 79 pessoas, explicamos o projeto, e apenas uma disse ser favorável a
aprovação. Para essa pessoa, que pediu para não ter a identidade divulgada, o
aumento na arrecadação melhoraria o sistema de iluminação e, consequentemente,
a segurança. Das outras 78, apenas uma pequena parte expressou publicamente em
vídeo o posicionamento pessoal. Alguns, com medo de retaliação política,
preferiram não opinar em frente às câmeras, mas manifestaram opiniões
contrárias ao aumento. Comerciantes, mototaxistas, aposentados e donas de casa
disseram que a taxa de iluminação pública não deveria ser cobrada da população.
No início da noite do dia
08, muitos foram à câmara e aguardaram o início da sessão, já que o espaço
estava sendo utilizado pela Justiça, que julgava um réu confesso pelo crime de
homicídio.
No final de sua réplica,
Jairo Pequeno aproveitou a presença popular, dos vereadores e se posicionou
contra o projeto. Ele disse que a aprovação seria uma afronta aos interesses
difusos e coletivos e ao patrimônio público, cabendo, a intervenção do
Ministério Público em defesa dos anseios da sociedade. Também destacou que a
posição adotada não era política, e sim jurídica.
A sessão foi iniciada com
a presença de 12 vereadores. Mesmo com vaias e insatisfação popular, o projeto
foi apresentado e aprovado. Para o promotor, a forma de tramitação e votação
malfere o princípio da legalidade e coloca a sociedade refém de sobressaltos de
um Poder Legislativo que, em tese, deveria representá-la.
Segundo o representante
do Ministério Público, está em jogo a preservação de diversos princípios
constitucionais - legalidade, moralidade, devido processo legislativo, gestão
democrática da cidade, além de inúmeros direitos expressos nos incisos do
artigo 5º da Constituição Federal que tem aplicação imediata a teor de seu
parágrafo 1º.
Fonte: Blog Notícias de
Pentecoste
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