Relatório da reforma política prevê fim dos vices e voto em lista
Relator da
reforma política na Câmara, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) adiantou ao G1 que vai propor em seu parecer final o fim dos
vices em todas as instâncias de governo. Com isso, deixariam de existir
vice-presidente, vice-governadores e vice-prefeitos.
O relatório,
que deverá ser apresentado na terça-feira (4) à comissão especial que discute o
tema, também prevê a criação de um fundo para financiar campanhas eleitorais
abastecido em 70% com recursos públicos. Os 30% restantes viriam de doações de
pessoas físicas - atualmente, a legislação proíbe a doação de empresas a
campanha eleitorais.
Outra mudança
prevista no parecer de Vicente Cândido é no sistema de votação das eleições legislativas.
Durante um período de transição seria instituído o voto em lista fechada, pela
qual o eleitor vota em uma relação de nomes previamente escolhidos pelos
partidos. Esse modelo prevê que as vagas destinadas a determinada legenda são
preenchidas pelos candidatos na ordem em que aparecem na lista.
Depois, segundo
a proposta do relator, esse sistema migraria para o distrital misto, por meio
do qual metade das vagas no Legislativo é preenchida por lista fechada e outra
metade pelo voto nos candidatos distribuídos em distritos (cada município ou
estado é dividido em regiões que escolhem seus candidatos internamente).
Atualmente, o eleitor vota diretamente no candidato ou no partido para
preencher as vagas de vereador, deputado estadual ou federal - confira mais abaixo as principais mudanças propostas pelo relator.
No caso de
presidente, governador, prefeito e senador, o modelo vigente seria mantido.
Pela regra atual, vota-se diretamente no candidato ou no partido e é eleito
aquele que receber o maior número de votos.
Críticas
Críticos da lista fechada argumentam que o
modelo poderá beneficiar os políticos que querem se eleger para manter o foro
privilegiado, em que só podem ser julgados pelos tribunais superiores.
Para Vicente
Cândido, o argumento não tem fundamento. “O investigado na Lava Jato vai ficar
em evidência estando na lista ou fora da lista. Ele poderá ser eleito numa
carona de puxador de voto às vezes desapercebido pelo eleitor. Então, não é
isso. Se ele estiver na lista, o partido vai ter que explicar o porquê, vai ter
que apresentar currículo”, afirma.
Sobre o fim do
cargo de vice, o relator diz que esse é o ponto em que há “menor atrito”. “Até
agora ninguém se levantou contra. Professores do México estiveram aqui semana
passada e disseram que o país acabou com os vices em 1917, com a constatação de
que vice só conspira”, diz.
Na visão do
petista, o país joga “dinheiro fora” ao manter esses cargos. “Temos quase 6 mil
vices no Brasil, que devem ter no mínimo mais dois cargos [de assessor]. Então,
temos um exército de 15 mil pessoas que ganham para não fazer nada. Se o vice
não faz nada, não tem por que ser assessorado”, completa.
Segundo o relator,
embora o relatório esteja pronto, ele ainda se reunirá com lideranças
partidárias e poderá fazer algum ajuste de última hora.
A expectativa
dele é que o parecer seja votado neste mês na comissão e, em maio, no plenário
da Câmara.
“Havendo acordo
entre líderes - ainda tenho reuniões na segunda-feira -, apresento o parecer na
terça. O relatório vai estar pronto, poderá ter um ou outro ajuste. Se acharem
conveniente, seguro para conversar um pouco mais com as bancadas. Isso não será
nenhum problema”, diz.
Fonte: G1
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