Comunicação e participação nas propostas de governo – Por Alberto Perdigão
A eleição
geral de 2014 é a primeira depois que entraram em vigor a Lei de Acesso à
Informação (12.527/11) e o Decreto da Participação Social (8.243/14). As novas
normas estão na ordem do dia, seja pelo alcance que têm como instrumentos de
comunicação pública e de participação, seja pelo nível de desconhecimento e de
rejeição que enfrentam para se efetivarem. Mas ainda não apareceram no discurso
dos candidatos à Presidência da República ou aos governos estaduais, e estão
fora do temário em debate.
A
discussão ajudaria o eleitor a perceber o que os candidatos fingem que não
percebem: que a nova ordem cumpre os direitos constitucionais do cidadão obter
do Estado informações de interesse público (Artigo 5o, inciso XXXIII); e, uma
vez comunicacionalmente incluído, de participar das decisões do governo (Artigo
37, §3o I, II e III). E destacaria os candidatos comprometidos com a cidadania
ativa e com a democracia participativa, com o fortalecimento do Estado e a
legitimação dos governos.
Nas
propostas apresentadas pelos candidatos ao governo do Ceará, percebe-se que, na
maior parte deles, os temas da comunicação e da participação são tratados de
maneira restrita e superficial, desconectada dos desafios de empoderar e de
incluir politicamente os mais pobres e menos instruídos, que são a grande
maioria. Passa à margem o acesso à informação como condição à participação e ao
controle, consequentemente à melhoria da eficiência, da eficácia e da
efetividade das políticas públicas, e à prevenção à corrupção.
Não
obstante a extensão das propostas, o que escapa são muitas indagações. O que
fará o eleito em relação a um possível Conselho Estadual de Comunicação, com
Estado, mercado e sociedade sentados à mesma mesa, decidindo, por exemplo,
sobre a destinação da verba publicitária do governo? O que fará em relação a
uma possível emissora de TV efetivamente pública, com conteúdos isentos e
plurais aprovados por um conselho curador, com programação colaborativa e
interativa ou com multiprogramação? Impossível saber.
A
proposta, ao que parece, é não se comprometer agora, para depois governar entre
os recôncavos da intransparência e os recônditos da omissão. O leitor não
precisa concordar comigo. Mas precisa, como bom eleitor, conhecer as propostas
para a comunicação pública e demais áreas, disponíveis em http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-
2014/sistema-de-divulgacao-de-candidaturas.
Alberto
Perdigão
aperdigao13@gmail.com
Jornalista, mestre em políticas públicas e sociedade
Jornalista, mestre em políticas públicas e sociedade
Fonte: O
Povo!!!
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