PREFEITO DEMITE 600, EXTINGUE PASTAS RECÉM-CRIADAS E SE AFASTA DEIXANDO O ABACAXI NAS MÃOS DO VICE
Demissões
em massa, corte de salários, extinção e fusão de secretarias. Apenas 10 meses
após ter tomado posse no comando de Limoeiro do Norte, a 194 km de Fortaleza, o
prefeito Paulo Duarte (DEM) está sendo obrigado a desfazer grande parte das
decisões que ele próprio tomou quando assumiu o cargo. O detalhe: na próxima
segunda-feira, ele se afastará temporariamente do Município, por motivo de
saúde. O “abacaxi” ficará com o vice, Marcos Coelho – que diz ter alertado,
ainda em janeiro, para a provável necessidade de cortes.
Conforme
os gestores explicaram ao O POVO, o drástico enxugamento da máquina foi
motivado por interrupções nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios
(FPM), principal fonte de renda do Município. O motivo: dívida de R$ 45 milhões
da Prefeitura com o INSS, contraída, segundo eles, em gestões passadas – e cuja
renegociação, no fim de dezembro de 2012, não incluiu o valor total do débito.
A
Prefeitura chegou a conseguir liminar na Justiça Federal, que impedia o
bloqueio do dinheiro do FPM. Mas, a “garantia” durou apenas 15 dias. A Receita
Federal recorreu, e a liminar foi derrubada no Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, em Recife. Ontem, a Prefeitura recorreu de novo – mas, até segunda
ordem, a ordem é cortar gastos.
Mais de
600 funcionários temporários foram demitidos, cinco pastas foram extintas e o
salário do prefeito, vice e secretários foram reduzidos em 20%, ficando em
cerca de R$ 8 mil. “Eu só não renunciei em respeito à população”, afirmou Paulo
Duarte.
Crise
A
situação de instabilidade financeira verificada ainda no começo da gestão não
impediu o Executivo de criar gastos. Em nome do cumprimento de promessas de
campanha, o prefeito ampliou o Programa de Saúde da Família, aumentou a
remuneração dos médicos, criou secretarias como a de Segurança Pública e a de
Proteção à Mulher.
Questionado
se não teria faltado planejamento diante da situação delicada nas finanças,
Duarte alegou ter sido pego de surpresas. “A gente esperava que, com a liminar,
conseguiríamos equilibrar as contas. E eu estive no Ministério da Previdência,
o que eu ouvia é que a dívida iria ser renegociada, que a situação iria se
normalizar”, justificou.
O
vice-prefeito, no entanto, diz que chegou a prever a situação e avaliou que o
grupo poderia ter agido com mais cautela, “ainda mais diante de uma realidade
atípica”, afirmou. (Hébely Rebouças - hebely@opovo.com.br)
Saiba
mais
Os mais
de 600 funcionários temporários exonerados são de áreas como vigilância,
limpeza, serviços, monitoria de transporte escolar, entre outros. A maioria
dessas funções recebia remunerações de um a dois salários mínimos.
O
prefeito também diz ter cortado serviços de diárias, passagens, buffet, entre
outros. Ele também diz que irá cortar até 50% dos cargos comissionados.
Segundo
Paulo Duarte, serviços essenciais como os de saúde e educação não serão
paralisados. Na segunda-feira, ele viajará para São Paulo, onde poderá ficar
por até um mês, para tratamento de saúde.
A meta,
segundo o vice-prefeito Marcos Coelho, é cortar até R$ 1,5 milhão da folha de
pagamento, hoje calculada, de acordo com ele, em R$ 4,5 milhões.
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