MINISTÉRIO PÚBLICO DIZ QUE DESVIO DE VERBAS ENVOLVEU 23 PREFEITURAS
Fraude em licitações envolvendo 23 prefeituras
cearenses e a empresa Dimetal Construções e Serviços LTDA teria desviado cerca
de R$ 10 milhões dos cofres públicos, entre 2007 e 2011, para as contas
pessoais de prefeitos, secretários municipais, empresários, engenheiros e
advogados, segundo o Ministério Público do Estado (MPE). Sete empresas estão
sendo investigadas.
A Dimetal não possuía funcionários nem máquinas,
sendo usada como fachada para o desvio do dinheiro, de acordo com o promotor
Luiz Alcântara, da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública
(Procap). “A Dimetal não recebia um centavo daquilo que foi supostamente pago
por serviços. E as obras eventualmente realizadas foram realizadas não pela
empresa, mas pelos próprios gestores”, explicou Alcântara ontem, durante
coletiva de imprensa para detalhar a Operação “Vil Metal”, deflagrada na
terça-feira, 28, em parceria com a Polícia Civil, no município de São Gonçalo
do Amarante.
Segundo Alcântara, a Dimetal operou usando um
esquema fraudulento já verificado no estado do Maranhão, que consiste na
simulação de perda de documentos de identificação e o posterior uso desses
documentos na criação de empresas de fachada, conforme explicou o promotor.
“Alguém se dirige a qualquer delegacia no Ceará e registra B.O. dizendo que
perdeu a documentação pessoal. Essa documentação supostamente perdida aparece
posteriormente servindo para criar uma empresa. Essa empresa passa a operar com
diversos operadores, por meio de procurações. Foi o caso da Dimetal”.
Em depoimento prestado à promotoria de Pacajus,
dois serventes de pedreiro, apontados como sócios da Dimetal, disseram que
jamais abriram empresa nem assinaram qualquer licitação em nenhum dos 23
municípios investigados. “Só esse fato já justificaria por parte do MP uma
atenção especial”, disse Alcântara. De acordo com o promotor, o MP apurou que,
somente no cartório de Messejana, “esses dois trabalhadores outorgaram 19
procurações públicas para agentes públicos, engenheiros, advogados, para que
essas pessoas pudessem fazer a movimentação financeira da Dimetal em qualquer
instituição que bem entendessem. E conseguimos identificar 19 pessoas que
usavam a empresa com essa finalidade”. As procurações foram usadas na Caixa
Econômica Federal, no Banco do Brasil, Bradesco, em processos licitatórios, em
contratos com o Estado do Ceará, em pelo menos um município do Maranhão e até
mesmo com a União.
As outras empresas investigadas são a Maximus
Construções, Construtora Vector, Hencla Construções, Versátil Construtora,
Herval Construções e Serv Construções. Luiz Alcântara não revelou quais são os
22 municípios, além de São Gonçalo, investigados, pois os inquéritos não estão
concluídos.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Segundo o promotor Eloilson Landim, do MP-CE, as
irregularidades investigadas nas 23 prefeituras podem ter causado um rombo de
até R$ 30 milhões. Ele afirma que 1.215 licitações podem ter sido fraudadas.
SERVIÇO
Fale com o Ministério Público do Estado do Ceará
Onde: Rua
Assunção, nº 1.100 - José Bonifácio - Fortaleza
Horário: das 8h às 14
horas
Assessoria de comunicação: 3452.37690
Fonte: O Povo
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