COMUNIDADE EM IRAUÇUBA CORRE RISCO DE DESAPARECER POR FALTA DE ÁGUA


No começo, eram dezenas de casas na secura de Crispim, localidade de Irauçuba. A vizinhança grande é motivo de saudosismo para dona Fátima Aragão Lopes Barroso, 57. “Desmancharam as casas e o pessoal foi embora por causa da falta d’água. Mais de 40 famílias se mudaram para Pentecoste, Fortaleza, Irauçuba...”, conta. A “peleja” de dona Fátima é para deixar de integrar a deserta comunidade, resumida a seis casas. “Mas ele não quer”, conta, referindo-se à vontade do marido Manuel de permanecer na terra da família. “Bom é morar no Interior”, emenda o agricultor. 
Por ali, o carro-pipa é esperança. Porque os açudes onde antes todos conseguiam água, hoje pertencem a fazendeiros que, fartos d’água, não abrem mais as porteiras para a comunidade do Crispim. “O negócio tá ruim”, define Manuel. Neste ano a Operação Pipa no município começou no começo de outubro. 
Na semana passada, duas carradas de água chegaram ao Crispim. Livraram os moradores da água salgada dos poços, bebível apenas quando bem gelada, como ensina a dona de casa Fátima Rodrigues Mesquita, 55. Assim como a vizinha, dona Fátima cogita deixar Crispim caso a água não se torne elemento comum por ali. 
Para garantir água todos os dias para os alunos da Escola João Batista Lopes, a única na comunidade, o professor Antônio José Pinheiro dos Santos, 45, oferece com reservas o líquido para as crianças. “Ontem eu guardei o que tinha pra hoje”. A Prefeitura de Irauçuba possui projeto para construção de um açude na região. Os recursos já foram solicitados ao Governo do Estado, mas não há prazo para construção.

Fonte: O Povo

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