CARTA ENVIADA AO PROGRAMA IMPACTO DA RÁDIO GUANACÉS AM


Olá amigo Tabosa, que bom termos um programa como o seu, onde podemos nos expressar. Quero mostrar meu repudio e indignação contra algumas atitudes que considero inaceitáveis.
A mais ou menos um ano tive uma experiência negativa e ridícula, com certo médico no Hospital Publico de nossa cidade. Ele foi muito grosseiro e se irritou grandemente porque fiz algumas perguntas. Ele entendeu que eu estava duvidando da sua competência. Um médico não precisa se sentir assim quando um paciente faz perguntas. Quase cem por cento das pessoas admiram, respeitam e confiam nos médicos e eu sou uma dessas pessoas.
O fato de alguém fazer perguntas não significa que está duvidando do profissional. O paciente com um pouco de instrução faz perguntas por que quer sair da presença do médico o mais tranqüilizado possível. As pessoas sem instrução também fazem perguntas com o mesmo propósito, embora na sua ignorância elas nem saibam formular a pergunta ou mesmo o que estão perguntando. Nesse caso o médico deve se compadecer e compreender as pessoas, que mesmo morando num país que é a oitava economia do mundo, não tiveram a mesma oportunidade que ele, de ter uma formação superior.
O triste é que a mesma cena se repetiu com minha mãe nesses últimos dias e, com o mesmo médico. Quando isso aconteceu comigo, procurei entender o lado do médico e pensei: talvez ele esteja muito cansado. Mas agora pude ver que isso é prática comum desse profissional. Outras pessoas também tiveram a mesma experiência. A princípio não duvidei da competência dele, mas agora duvido. Alguns profissionais escondem a incompetência atrás da grosseria, pra intimidar e meter medo nas pessoas.
Não me refiro à incompetência no conhecimento técnico da medicina, no caso desse médico, pois ele até tem fama de excelência e eu acredito nisso. Mas é incompetente no ato de exercer o contato como o paciente e isso é parte inseparável do conhecimento técnico. Quem não suporta pessoas, quem não tem tato ou é impaciente deveria escolher outra profissão.
Entendo que um médico não deve mimar os pacientes. Isso atrapalharia grandemente e, ir para o outro extremo é sinal de que a profissão médica foi escolhida pelo status que ela concede e não pela vocação.
A medicina é admirável, sublime, sagrada. É um sacerdócio, portanto deve ser exercida como tal.
Por que será que é assim no serviço público? Por que será que um mesmo médico que trata mau no serviço público trata bem no serviço particular. É uma questão de salário? Não. É uma questão cultural, quase todos os que prestam serviço público, em quase todos os setores públicos, são grosseiros e indiferentes. Por que uma pessoa ao trabalhar em uma empresa particular ou privada é polida e educada e em uma empresa pública é descortês e indiferente? Não é só em hospitais.
O problema é que se formou na mente do brasileiro que precisa do serviço público a idéia de que: AQUELE SERVIÇO É UM FAVOR RECEBIDO E NA MENTE DO QUE PRESTA O SERVIÇO A IDÉIA DE ESTÁ FAZENDO UM FAVOR.
É muito fácil ser grosseiro com pessoas de poder aquisitivo inferior, é fácil ser grosseiro com pessoas simples, donas de casa, analfabetos, semi-analfabetos que não conhecem seus direitos. É muito fácil!
Posso parecer pessimista, mas não acredito que as coisas mudem nesse país. O Brasil inteiro é assim, com poucas exceções. O que posso esperar de um país onde a corrupção está presente nos três poderes? Parece que ela corre nas veias.

Socorro Brito – Rua Major Barreto, Itapajé – Ceará

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